quinta-feira, 29 de julho de 2010

.quando se-chega.

deveras como deveria,
atrasado mas inteiro.
no aeroporto, o tempo para.
parece terra-encantada,
todo mundo sorrindo,
como se perdesse o contato com a vidaláfora,
mas vai na rodoviária
e olha nos rostos de cada um
e vê se algumdia a Terra-parou pra alguém lá.


.quando se-chega
(da série: escritospra viagem)

.homenagem à Saramago.

solitário é:
sentir amaresia, suapele salobriada, amúsica na frequência
exata pra tenvolver, até mesmo delonge, olhar o mar-avilha eencher os
olhos de alívio, se emudecer ao som domesmo, andar por caminhos
caminhados há qinhentos anos, ruas desertas deasfalto, apenas
paralelepípedos e casarões-antigos, de portas ejanelas grandes
eco-loridas, colocar ospés nareia, mergulhar na água-morna, assistir
o pordo-sol atrás do porto e desanuviar ocorpo, depois,
banho-de-chuveiro pra afivelar o sono, comer bolo-de-criança na mesa,
bebida-delícia gelada, docinho de-festa, amor por todo lado e cabeça,
e um porteiroamigão, mas está-chovendo.


.homenagem à Saramago
(da série: escritospra viagem)

domingo, 25 de julho de 2010

.réplica ao meu vasco-da-gama.

todosnós estamosmorrendo
desdeo diaem qenascemos.


.réplica ao meu vasco-da-gama
(da série: escritospra viagem)

.manifestação estudantil sociocultural praiana.

aesperança sóexiste
sobcondição dapersistência.


.manifestação estudantil sociocultural praiana
(da série: escritospra viagem)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

.começa uma-sabatina, não-termina (cáñamo).

opalhaço despediu-se do velório
com roscas e salgadinhos
deu piruetas, cambalhotas e deu risada
reparou no som davida o tom damorte
não existe sorte nemazar
é tudo paliativo
aspessoas vão evem sem vernada
perspectivas a gente-tem
oproblema são as cartas-marcadas
tenho visto intelectuais demais, deuses de-mais


.começa uma-sabatina, não-termina (cáñamo)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

.úmnico(a).

parece qe a vidacomeçou.
o translúcido da epiderme defendido pelopeito,
o bonito e o respeito-maior das coisas,
e um aparecimento súbito sobre um corpo-luminoso
com as alguinhas presas nas palavras-chaves,
fazendo do engasgo meio qe canto pro céu.
fica limpo, prende obranco nobranco.
a corda maisbalança masbalança.
o especialdo roberto é igual, a novela é igual,
porqe estão todos mortos.
enquanto vivos, deveríamo-nos amor, torpor e ebulição,
razoabilidade confortando uma concessão.
tudo se escreve nos joelhos eo seu olho está nocoração.
realezas a parte, somos cada vez mais,
na verdade,
as qualidades da verdade qe somos
e cada vez menos os defeitos qe temos.
temo qe alguém não pense assim
mas sei qe ninguém colocará fogo no meu jardim
no futuro do presente qe todo mundo ganha do mundo,
mundo-esse, qe é e não é seu.


.úmnico(a)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

.brutalflexível.

parte do meio
do meio pra frente,
que é pra trás
mais malícia pra polícia
e alimento pro povo
coração pros porcos
eleição pros mortos
e o presidente a sobrevoar de helicóptero
sindicalizando o ouro pessoal que se esqueceu de dizer
e disse: "coitados dos pobres coitados"
e alice seguia, seu caminho belo
seu sorriso-feliz
reinventando novas arma-duras
agradecendo a descida pra praia de dia
aliviando a cisma deqe cisne não é pato
de fato é outrotipo, sóisso.


.brutalflexível

quarta-feira, 7 de julho de 2010

.madame, qemnão sabeler precisa usara cabeça!.

saber pensar não ésó pensar. énecessário, sobretudo, saberintervir.
qem sabepensar nãocapta sóoqe lheé semelhante, surpreende aluz escondidana sombra, deduz dafalta apresença.
reproduzir nãoé pensar.
a autonomia se forma com a colaboração/intervenção dosoutros. pra tornar-se autônoma todapessoa precisade ajuda e tornando-se autônoma deve saber dispensar aajuda.
dói, sobretudo, nocomeço, pois sua primeirafase ésentir-se perdido.
entretanto, autonomiaé social.
nãoaqela isolacionista, mas aqela con-vivente.
liberdadehumana nãoé contra osoutros, mas sim com osoutros epor issomesmo nunca écompleta.
compreensão éqestão de lógica, ea lógica qe maisinteressa nãoé a qe logo se aparece, mas sim a qe estápor trás, escondida.
pra compreender é mister sacar oqenão sediz, osilêncio, aentonação, o meneio.
a desordem descoberta éoutra ordem, éo caos-estruturado. compreende-se melhoroqe estáordenado porqe ascoisas mantém uma relação diretamentevisível entre elas epor sorte cada qual estáem seu lugar. mas naverdade, a ordem qefunciona é aqela qe eucompreendo melhor, porqe estádentro da minhalógica.
o problema da dedução sãoas premissas, qe uma vez postas, o resto segue.
eo caminho contrário éa indução, qe temcomo principal problema, de fato, os fatos.
fato, assim, nãoé apenas oqe acontece objectivamente, mas sobretudo, oqe sucede 'pramim'.
se euaceito qestionar, devo, pela lógica, aceitar serqestionado. chama-se isso contradição-performativa, qerendo assinalardiscurso qe se desfaz a si mesmo, negando-se aoafirmar-se.
eé maiscomum em nossas vidas doqe pensamos.
melhor qe impor limitesé nogociá-los.
toda idéia totalmenteclara tende a ser vazia. idéia boa sempre éum pouco torta, malacabada, um tanto aérea, daí permite aprender, mudar, saltar, aceitar.
as pessoas-criativas são mais confusas, nobom sentido. qestão de sensibilidade, fineza de percepção, émuito mais qe senso-comum.
usa a lógica e vai mais além, porqe é sensível também à falta de lógica, quando esta éa lógica da situação.
funciona, então, também, a experiência, a vivência, a sensibilidade.


.madame, qemnão sabeler precisa usara cabeça!
(uma compilaçãode palavrasdo PedroDemo, dolivro SaberPensar, r-eorganizadas eorganizadas pormim, éo meu AstronautadeMármore)